SONETO AO NAVIO NEGREIRO
Prisioneiros no fundo dos navios,
Despojados de seus pertences reais.
Amontoados uns nos outros, nos frios
Porões da embarcação como animais.
Corpos agonizavam nos sombrios
Porões, com fome, sede e, as mais letais
Doenças, olhares tristes e vazios,
Mergulhados nas horas sepulcrais.
Que as almas ganhem a libertação,
Almas de cada escravo prisioneiro,
E morto dentro do navio negreiro.
Que os teus versos flutuem na oração,
Ou no cantarolar das tantas aves,
Todas vestidas pela paz, Castro Alves.