LAPIDANDO VERSOS

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sábado, 20 de julho de 2013

CHAMPAGNE

CHAMPAGNE

Cachos da rendição nos parreirais;
Moídos pelas cantinas na emoção
Da bebida que com fermentação
Faz borbulhas em taças de cristais;

Bebida dos aromas naturais;
Borbulhas do prazer, da sedução…
Que embriagam doces almas na atração
Fatal da carne presa em ideais;

Bebida de glamour na sociedade…
Servida bem gelada com caviar
Nas festas onde o luxo predomina;

Nos olhos, brilhos de felicidade;
Champagne das garrafas a jorrar…
Champagne que me eleva e me fascina;


Soneto

domingo, 14 de julho de 2013

VISÕES DA MINHA MORTE

VISÕES DA MINHA MORTE

Dama negra, por que bates na porta?
Vieste buscar minha alma que jaz morta..
Entre… estou no meu leito agonizando…
Chamando-te por horas e mais horas…
Suplicando-te nas últimas horas
Para partir com os olhos fechando;

Podes entrar no meu quarto assim dama…
Vestida no negror que te dá fama;
Estou de cama com terminal doença;
Respiro ofegante o teu frio ar morte…
Sinto-te aqui comigo doce morte…
Não temerei jamais tua presença;

Quando entraste no meu quarto sozinha…
Vi o medo na minha alma tristinha;
Solucei os meus ais quase infinitos…
Abri meus braços lânguidos sorrindo…
E vi-te ó morte ao meu lado sorrindo…
E vendo-te assim eu sorri aos gritos;

Estiveste comigo na triste hora…
Na hora que levaste a alma minha embora;
Lágrimas derramei dos olhos meus…
Lágrimas que secaste do meu rosto…
Puras lágrimas que em meu triste rosto
Rolaram com os tantos sonhos… Deus;

Estarrecido olhei a minha volta;
Nenhum anjo faria a minha escolta…
Olhava para o lado e ela sorria…
Arrebatado em minha cama e só,
Eu sentia que não estava só…
Do meu lado ela não… ela não saía;

Ela jamais falava ao meu ouvido;
Murmurava de longe… “meu querido”…
Vim levar-te para o reino dos céus…
Não temas minha fúnebre presença…
Não sinta-se mal na minha presença;
Só vim cobrir-te com meus brancos véus;

E nas visões fúnebres que eu tinha…
Eu via corvos na janela minha…
Aves horrendas de frios sarcasmos;
As vi fitando o meu corpo finito…
Afiando suas garras de finito…
Como se fossem gélidos espasmos;

Uma voz trêmula erguia-se em mim;
Murmurava palavras num esplim
Profundo e derradeiro de mistérios
Não revelados a alma sem pilares…
Gemendo nos altares sem pilares…
As dores de profundos sacrilégios;

E quando a noite, no total negrume…
Ouço o barulho que ninguém assume;
Sinto ela ao meu redor fazendo adejos…
A cortina sacode lentamente…
Os pêlos do meu braço lentamente
Arrepiam, e morrem meus ansejos;

E quando por vez os meus olhos nus
Já não virem mais a límpida luz;
E quando frio o meu corpo ficar…
Deixem entrar as aves funerárias…
Deixem elas comerem funerárias
Sobras dum corpo a se desintegrar;

E quando for ouvido o último som
Enquanto meu rosto ainda tiver tom
Corado… enquanto minha lucidez
Ainda se manter forte e preservada…
Guardem a última imagem preservada
Do meu ser que partiu de uma vez;

As fibras sustentadas na minha alma
Vão se rompendo uma à uma com calma…
A endecha que ouço é fúnebre e fatal…
De uma lamúria insigne profunda…
Regozijo da minha alma profunda
Vendo escadas e torres de cristal;

Visões desfiguradas no negror
Do meu quarto cheirando todo a flor…
Longos suspiros, últimos suspiros…
Sensação de dormência penitente…
De uma lágrima doce e penitente
Cair dos meus olhos mórbidos aos giros;

Os meus sonhos de outrora são defuntos…
Vão comigo descer, todinhos juntos;
Hão de chorar as flores que eu colhia…
Todas murchando nos vasos com água…
Pétalas caindo dentro da turva água
Do vaso que a mão minha outrora erguia;

E nas palavras que eu não mais dizia…
Por ver o vulto da morte sombria
Ao meu lado aqui no quarto gelado…
Eu previa e sentia que era o fim…
Que os meus dias teriam por vez fim…
Que eu fecharia os olhos meus calado;

Sentindo no peito as fracas batidas…
Não mais machucam as minhas feridas;
Minha tristeza já é morta em mim;
Minhas lágrimas são gotas douradas…
São sonhos lindos nas noites douradas…
São perseidas tombadas no sem fim;

Os que amei nesta vida retumbante…
Como os encontro em um sonho distante?
Onde estão? Estão todos já dispersos…
Sucumbiram lá nos frios caixões…
Viraram cinzas nos negros caixões…
Pó cósmico nos doces universos;

 Metrificada